No dia 19 de junho, a cidade de Castelo viverá mais uma edição de sua tradicional celebração de Corpus Christi, considerada a maior do Brasil, e que está entre as 10 maiores festas religiosas do país. As ruas do município serão tomadas por cores, texturas e fé, com a confecção de tapetes e adeiras que se estendem por cerca de 1,5 km e 5.000 metros quadrados que encantam tanto moradores quanto visitantes.
A expectativa é de que 150 mil pessoas participem do evento este ano, atraídas pelo espetáculo visual e pela espiritualidade que emana de cada detalhe da festa. Ao todo, serão utilizadas cerca de 70 toneladas de materiais naturais e recicláveis para dar forma às obras, criadas por mais de três mil voluntários. A mobilização em torno da festa começou 30 dias após o evento do ano ado, e envolve escolas, paróquias, grupos de oração, moradores e turistas que se inscrevem para participar desse momento que une arte, fé e tradição.
Arte, devoção e sustentabilidade

As 34 equipes responsáveis pela montagem dos tapetes trabalham durante o ano inteiro para garantir que cada trecho expresse a fé cristã com beleza e simbolismo. A coordenação fica a cargo do Instituto Cultural Irmã Vicência (ICIV), que há décadas mantém viva a tradição iniciada em 1963 pela religiosa que dá nome à instituição.
Segundo Luciano Traváglia, presidente do ICIV, o evento é resultado de uma verdadeira força-tarefa guiada pela fé: “Estudantes, comunidades, o Terço dos Homens, todos se unem para construir esse momento esperado o ano todo.
A beleza dos tapetes de Corpus Christi de Castelo vai além do visual: são expressões da fé cristã, feitas com cuidado, criatividade e profundo simbolismo. Segundo Travaglia, o ICIV), responsável pela gestão do evento, 34 equipes com 600 componentes são mobilizadas desde o fim da festa de cada ano para preparar cada detalhe da próxima.
“Temos estudantes, comerciantes, moradores das comunidades rurais e urbanas, grupos de oração, paróquias, o terço dos homens. É uma força-tarefa guiada pela fé”, conta.
Obras de arte feitas com fé e materiais inusitados
Entre os materiais usados, destacam-se 55 toneladas de pedras, em diversas granulações (calcita, dolomita e pedriscos), duas toneladas de mármore e granito, além de uma variedade de elementos orgânicos e reaproveitados: cepilho (raspas de madeira), raspas de pneus, palha de café escuro e despolpado, borra de café, galhos de cipreste, tampinhas de garrafa e a delicada crista de galo, flor cultivada especialmente para os tapetes em uma área do tamanho de um campo de futebol em Braço do Sul no Forno Grande. A área foi cedida por uma empresa a partir da intervenção do tesoureiro do ICIV, José Targa, gerente da fazenda.
O aroma característico da festa também voltou a ganhar destaque. “Uma pesquisa revelou que as pessoas sentiam falta do cheiro da celebração dos tempos da Irmã Vicência. Retomamos o uso da palha e da borra do café, do cipreste e da crista de galo exatamente por isso. O cheiro faz parte da memória afetiva e espiritual do Corpus Christi”, explica Luciano.
O compromisso com a sustentabilidade também é destaque. Todos os materiais são naturais ou reaproveitados, e após a procissão, a prefeitura realiza a coleta dos resíduos. Parte deles é reutilizada em obras de infraestrutura em estradas vicinais da região.
Para Frei Antônio Rabanal, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Penha, a festa é muito mais que um evento religioso: “É uma poderosa expressão de fé coletiva. Um imenso altar a céu aberto construído por mãos anônimas com dedicação e devoção.”
Números do Corpus Christi de Castelo 2025
Público esperado: 150 mil pessoas
Materiais utilizados: 70 toneladas
Pedras (calcita, dolomita e pedriscos): 55 toneladas
Mármore e granito: 2 toneladas
Cepilho (raspas de madeira): 600 sacos
Raspas de pneus: 10 toneladas
Palha de café (escura e despolpada): 300 sacas
Borra de café: 500 kg
Cipreste e crista de galo – o equivalente a dois campos de futebol
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