img.wp-smiley, img.emoji { display: inline !important; border: none !important; box-shadow: none !important; height: 1em !important; width: 1em !important; margin: 0 0.07em !important; vertical-align: -0.1em !important; background: none !important; padding: 0 !important; }
ter 27/maio/2025 15:22
Capa
Geral
Cachoeiro
Política
Oportunidade
Saúde
Educação
Economia
Agro
Segurança
Turismo
Esporte
DiaaDiaTV
Publ. Legal
Mundo Pet
Cultura

Confrarias de vinho: história, cultura e o prazer de partilhar taças

RAQUEL POLETO FONSECA. Descubra o que são as confrarias de vinho, suas origens, rituais e como montar a sua com amigos e bons vinhos.

O vinho, desde a Antiguidade, ocupa um lugar simbólico nas celebrações, nas trocas culturais, gerando conexão e rituais. E é nesse espírito de partilha e de reverência à bebida que nasceram as confrarias. Pode-se dizer que são pequenas associações que reúnem pessoas em torno de um propósito comum, muitas vezes com toques de solenidade, tradição e pertencimento. Entre as mais encantadoras dessas associações estão as confrarias de vinho, que resgatam o prazer de degustar com atenção e de aprender em grupo.

As raízes das confrarias

A palavra “confraria” tem origem no latim “confrater”, que significa “irmão”. Nasceu no seio da Igreja, durante a Idade Média, quando irmãos leigos se organizavam em torno de devoções, cuidados mútuos e atividades caritativas. Essas confrarias religiosas não tardaram a se expandir para outros âmbitos sociais; e o vinho, como protagonista de ritos e da vida cotidiana, encontrou aí um espaço natural.

Já no século XIV, registros indicam a existência de confrarias laicas dedicadas ao vinho na França e em Portugal. Eram formadas por viticultores, comerciantes e nobres que se reuniam para preservar a qualidade dos vinhos locais e garantir sua reputação. Com o tempo, essas confrarias aram a adotar rituais próprios, com vestes, insígnias, juramentos e cerimônias que remontam às ordens de cavalaria.

A mais célebre dessas agremiações surgiu na Borgonha, em 1934, em plena crise do setor vinícola francês: a Confrérie des Chevaliers du Tastevin. Sediada no magnífico Château du Clos de Vougeot, a confraria se dedicava à valorização dos vinhos da região com cerimônias solenes e festividades tradicionais. Esse modelo se espalhou pela França e por outras nações vinícolas, ganhando contornos culturais e até turísticos.

No Brasil, as confrarias de vinho começaram a surgir nos anos 1980, acompanhando o amadurecimento do mercado e o crescimento do interesse pela cultura do vinho. Hoje, existem confrarias em praticamente todos os estados, reunindo desde enófilos iniciantes até estudiosos e profissionais do setor.

Mais do que vinho: o espírito da confraria

Mas afinal, o que define uma confraria de vinho? Mais do que o simples hábito de beber em grupo, trata-se de um espaço de troca, de aprofundamento e de convivência. Uma confraria é uma comunidade de afinidades, um lugar onde o vinho é o ponto de partida para o diálogo, o aprendizado e o cultivo da amizade.

Embora não haja um modelo único, algumas características costumam se repetir: encontros periódicos, temas definidos para cada reunião, degustações orientadas e, por vezes, momentos de confraternização com pratos harmonizados. A informalidade pode coexistir com certa solenidade, especialmente em grupos que adotam títulos simbólicos, cerimônias de iniciação ou regras próprias de conduta.

Como montar uma confraria de vinho: um breve o o a o

  • Encontre seus confrades
    O primeiro o é reunir um grupo de pessoas com interesse genuíno pelo vinho. Idealmente, entre 6 e 12 membros para permitir uma boa troca e facilitar a logística dos encontros. Mais importante que o nível de conhecimento é o espírito aberto para aprender e partilhar.
  • Escolha um nome e defina o espírito da confraria
    Um bom nome dá identidade ao grupo, pode ser inspirado na literatura, na geografia, na história do vinho ou mesmo em algo pessoal dos membros. Além disso, é importante alinhar expectativas: o foco será educativo? Gastronômico? Lúdico? Todas as respostas são válidas.
  • Estabeleça uma frequência e uma estrutura de encontros
    A maioria das confrarias se reúne uma vez por mês. O modelo mais comum é utilizar a geografia como uma bússola para a escolha dos temas. Países ou regiões específicas. Também é muito comum a degustação às cegas, escondendo os rótulos e os confrades precisam acertar qual é o vinho apenas degustando. São muitas as opções, pois o mundo do vinho é muito versátil.
  • O papel do sommelier na confraria, faz a diferença
    A imensidão de rótulos, preços e diversidade de escolha pode causar uma certa dificuldade na escolha e na organização da experiência. Um sommelier é o profissional treinado para orientar a escolha, as harmonizações e entender o espírito de cada confraria. A escolha dos vinhos adequados e uma harmonização bem conduzida, eleva muito o nível da experiência. Sem sombra de dúvida, o conhecimento compartilhado também é outro fator importante no serviço do sommelier.
  • Organize a logística
    Alguém deve coordenar cada encontro: escolher o tema, definir quem traz o quê, preparar fichas de degustação, cuidar da sequência dos vinhos e eventualmente organizar harmonizações. Vale também investir em taças adequadas, iluminação neutra e temperatura correta dos vinhos.
  • Documente e compartilhe as experiências
    Manter um registro dos encontros com notas, fotos, resumos das discussões e impressões sobre os vinhos, ajuda a acompanhar a evolução do grupo e pode se tornar um material precioso ao longo do tempo. Algumas confrarias criam blogs, contas no Instagram, newsletters ou até publicações próprias com as memórias das degustações.
  • Celebre com autenticidade
    Uma confraria bem-sucedida é aquela que cultiva a leveza, o espírito lúdico e a curiosidade. O vinho é o protagonista, mas é o vínculo humano que dá sabor à experiência. Brindar, aprender, rir, errar e descobrir juntos: essa é a essência.

Em tempos em que o tempo é cada vez mais fragmentado e as relações parecem se diluir nas redes, as confrarias oferecem algo raro: a constância de um pequeno ritual, a presença real, o prazer da escuta. O vinho, que já foi moeda, remédio e símbolo do sagrado, continua sendo ponte entre pessoas, histórias e sentidos.

Fundar uma confraria é, de certo modo, resgatar o valor da convivência. E isso, nos dias de hoje, pode ser um ato profundamente revolucionário.

Já pensou em reunir seus amigos e fundar uma confraria?

Saúde!

Raquel Poleto Fonseca, natural de Cachoeiro de Itapemirim, é escritora, contadora e sommelière de vinhos pelo Instituto Federal de São Paulo, com certificações especializadas pela Embrapa Uva e Vinho, Instituto Federal do Rio Grande do Sul e Enagro. É curadora de confrarias e do projeto Livros e Vinhos, unindo sua paixão por palavras e vinhos para criar experiências que conectam pessoas

👉 Receba as notícias mais importantes do dia direto no seu WhatsApp!
Clique aqui para entrar no grupo agora mesmo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Irmã Otília

Irmã Otília: a fé que virou cuidado e marcou gerações em Cachoeiro

concurso-selecao-processo-seletivo

Iema abre seleção com salário de R$ 5,5 mil no ES

tempo

Frente fria chega ao ES neste sábado e derruba temperaturas

Imagem do WhatsApp de 2025-05-27 à(s) 07.58.45_2c51e262

Atletas do Sul do ES vencem estreia nos Jogos Universitários

irma_Otilia_05_10_2023

Lideranças políticas lamentam morte de Irmã Otília

irma-otilia-2-07-08-2023

Irmã Otília será velada por dois dias e sepultada nesta quarta

alunos curso de animação

Inscrições abertas para curso gratuito de animação

Breathtaking grayscale shot of the baby feet in mother hands

Lei inclui acolhimento ao luto materno no SUS

Leia mais