A amamentação representa um dos vínculos mais preciosos e nutritivos na jornada entre mãe e bebê. É um período de profunda conexão e desenvolvimento, repleto de benefícios mútuos. Contudo, para algumas famílias, este caminho pode apresentar desafios inesperados, especialmente quando as alergias alimentares entram em cena.
Compreender como essas condições podem afetar tanto a mãe quanto o lactente durante a amamentação é essencial para garantir que este momento continue sendo seguro, tranquilo e benéfico para ambos.
O que são alergias alimentares e como elas podem afetar a amamentação?
Manifesta-se quando o sistema imunológico identifica erroneamente uma substância presente em um alimento (um alérgeno) como prejudicial, desencadeando uma resposta exacerbada. Essa reação pode variar de sintomas leves, como lesões cutâneas ou desconforto abdominal, a quadros mais severos, incluindo dificuldade respiratória e anafilaxia.
Durante o aleitamento, traços de componentes dos alimentos consumidos pela mãe podem, em determinadas circunstâncias, ar para o leite materno. Naturalmente, surge a preocupação: a dieta da mãe pode influenciar o bebê?
Embora as alergias alimentares em bebês alimentados exclusivamente com leite materno sejam menos frequentes, elas são possíveis. O leite materno, riquíssimo e ideal, pode ocasionalmente conter pequenas quantidades de alérgenos capazes de sensibilizar o bebê e desencadear reações.
Entre os alimentos mais comuns que podem desencadear respostas alérgicas estão as proteínas do leite de vaca, ovo, amendoim, castanhas, trigo, soja, peixes e frutos do mar.
Dentre estas, a Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) destaca-se como uma das mais diagnosticadas nos primeiros anos de vida, resultado de uma resposta imune adversa às proteínas do leite de vaca. Compreender como essa condição se manifesta no bebê é um o crucial. Neste artigo, você vai entender como saber se o bebê tem APLV!
Quais são os sintomas em bebês?
Identificar uma possível alergia alimentar no lactente requer atenção aos sinais, que podem variar em intensidade e nem sempre se manifestam imediatamente após a mamada. Alguns indicadores que merecem investigação incluem:
- Manifestações cutâneas: O surgimento de urticária, eczema (dermatite atópica) ou vermelhidão persistente na pele.
- Distúrbios gastrointestinais: Cólicas intensas e frequentes, diarreia (por vezes com a presença de muco ou traços de sangue nas fezes) ou, em alguns casos, constipação persistente. Refluxo significativo também pode estar presente.
- Alterações no padrão de comportamento: Irritabilidade acentuada, desconforto evidente durante ou após as mamadas, ou choro excessivo e inconsolável.
- Sinais respiratórios: Embora menos comuns em reações leves, quadros mais severos podem apresentar chiado no peito, tosse persistente ou dificuldade para respirar.
É fundamental ressaltar que estes sintomas podem ser indicativos de diversas condições não alérgicas. Portanto, a avaliação e o diagnóstico médico são indispensáveis para determinar a causa exata do desconforto do bebê.
O que fazer se o bebê apresentar sintomas?
Diante da suspeita de que seu bebê possa estar apresentando sintomas de alergia alimentar, a medida mais importante e imediata é buscar a orientação de um profissional de saúde qualificado, como um pediatra ou um alergista pediátrico.
Esses especialistas possuem a expertise necessária para conduzir uma investigação aprofundada, que pode incluir testes diagnósticos específicos (como testes cutâneos ou exames de sangue, dependendo da avaliação clínica e tipo de alergia suspeitada) e, crucialmente, uma análise detalhada do histórico clínico do bebê e da dieta materna. O diagnóstico preciso é a base para a conduta adequada e para traçar o melhor plano de cuidado.
O papel da dieta materna: impacto e manejo
É importante reiterar que, embora nem sempre ocorra, traços de alérgenos da dieta materna podem chegar ao leite e, em bebês predispostos ou alérgicos, desencadear reações. A alimentação da mãe lactante, portanto, assume um papel relevante na investigação e manejo das alergias alimentares do bebê quando há suspeita ou confirmação de que o bebê reage a algo que a mãe consome.
Se o bebê for diagnosticado com uma alergia, como à proteína do leite de vaca (APLV), a exclusão desse alérgeno da dieta materna é frequentemente a primeira linha de conduta para permitir que a amamentação continue de forma segura para o bebê. Monitorar atentamente a resposta do bebê às mudanças na dieta materna é essencial.
Vale ressaltar que, na vasta maioria dos casos, a amamentação continua sendo a opção ideal e perfeitamente viável, mesmo diante do diagnóstico de alergia no bebê. A modificação dietética da mãe, quando indicada para tratar a alergia do bebê, deve ser feita exclusivamente sob supervisão médica e nutricional.
Em situações excepcionais e após avaliação médica criteriosa, alternativas como fórmulas extensamente hidrolisadas ou de aminoácidos podem ser consideradas, mas nunca como primeira escolha ou sem orientação profissional qualificada.
Um aspecto encorajador é que muitas alergias alimentares na infância, especialmente a APLV, são transitórias, com uma parcela significativa de crianças desenvolvendo tolerância antes dos 3 anos de idade. Este horizonte de melhora muitas vezes ajuda a encarar os desafios da dieta de exclusão com mais leveza e esperança.
A importância do acompanhamento profissional
O acompanhamento médico durante a amamentação é fundamental, principalmente se houver a suspeita de alergias alimentares. O pediatra, alergista ou nutricionista especializado pode ajudar a mãe a desenvolver um plano alimentar seguro e equilibrado, sem comprometer a qualidade do leite materno.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a amamentação exclusiva até os 6 meses de idade é recomendada, pois oferece todos os nutrientes necessários para o bebê e fortalece seu sistema imunológico. Em casos de alergias alimentares, continuar a amamentação pode ser possível com a devida orientação sobre o que deve ser evitado na alimentação da mãe.
Com o e adequado, é possível permitir que essa conexão única e a nutrição vital oferecida pelo leite materno continuem a florescer. Não hesite em buscar essa ajuda. O apoio profissional é um aliado poderoso para viver a amamentação de forma tranquila e segura, desfrutando plenamente desse vínculo precioso.
Referências:
- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Diagnóstico e manejo da alergia alimentar: revisão. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia, São Paulo, v. 35, n. 6, 2012. Disponível em: http://aaai-asbai.org.br/imageBank/pdf/v35n6a03.pdf.
- BRASIL. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Alergia alimentar: o desafio diário que exige atenção e apoio especializado. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/comunicacao/noticias/alergia-alimentar-o-desafio-diario-que-exige-atencao-e-apoio-especializado.
- ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Alergia alimentar: perguntas e respostas. São Paulo: ASBAI, 2017. Disponível em: https://asbai.org.br/alergia-alimentar-perguntas-e-respostas/.