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sáb 31/maio/2025 13:38
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Deixe-o ir

ESCRITORAS CACHOEIRENSES - Dandara Dias. A tarefa de realizar as visitas aos cemitérios, todo dia 2 de novembro, sempre foi algo marcante e obrigatório em minha família. Mais do que tradição, é obrigação rezarmos pelos nossos entes que partiram na esperança de um mundo melhor.

A tarefa de realizar as visitas aos cemitérios, todo dia 2 de novembro, sempre foi algo marcante e obrigatório em minha família. Mais do que tradição, é obrigação rezarmos pelos nossos entes que partiram na esperança de um mundo melhor.

Hoje, percebo que já caminhei muito nesta vida, pois as visitas aumentaram, subiu o número das pessoas para quem rezar por suas almas. Mas, a história que quero compartilhar com vocês hoje, retrata, além da tradição, a história de uma pessoa marcante para a comunidade do Itabira.

Deixe-o ir

Como dói a dor da saudade! “A única certeza que temos na vida é a morte.” Essa frase vem sendo reproduzida constantemente em nossas vidas. É interessante, que cada um busque uma forma de ar a perda de alguém, mas que, no fundo, a saudade atinge a todos.

Recordo da fala de minha tia Creuza Maria, que dizia sempre, “Devemos chorar quando nasce uma pessoa e não quando morre, pois na morte teremos conhecido sua caminhada e trajetória de vida, enquanto no nascimento não sabemos como será seu futuro.” E realmente sua despedida não teve choro, ela partiu quatro meses depois de sua mãe Totonha, após Deus ter atendido suas preces.

Vovô Caboco foi um homem maravilhoso, uma figura única, um avô que toda criança merece. Fico feliz por ter aproveitado cada momento que tive com ele. Penso ser esse o principal motivo de sentir um alívio em meu coração neste momento.

Recordo dele nos contando os causos que nos faziam rir juntos. A exemplo até mesmo da morte, os velórios com ele eram sempre divertidos, escuto a voz da minha mãe falando para ele parar de rir e respeitar a família, mas ele nunca parava.

De todas as suas histórias, a que me vem neste momento é de “quando eu era jovem, faleceu um vizinho e, naquela época, os caixões eram feitos em casa mesmo. Mas o cemitério era longe e não tínhamos carro, então, precisávamos carregar o corpo por horas. Como eu era o mais jovem, me pediram para carregar o caixão até o local do enterro, mas ninguém me falou que tinha que ir devagar.

Junto comigo estava o compadre, moleque pior que eu, foi quando o chamei para correr e, na correria, só escutava ‘tuque tuque tuque’, o cortejo chegou uma hora depois da gente. Menina, e quando abriram o caixão, pensa num povo que ficou bravo, o defunto estava de bruços!” E ele gargalhava…

Sei que essa é uma de muitas histórias mentirosas que ele contava, mas eu amava ouvir. Hoje, me restam apenas lembranças e saudades, de um grande homem que marcou minha vida.

Mas, a despedida é dolorosa, dizer adeus é tenebroso. Mesmo assim, agradeço imensamente a oportunidade que tive em poder dizer pela última vez “Bença vô”. Reflito a mensagem deixada por Santo Agostinho “continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos” e eu prometo vovô que sorrirei sempre, pois você me proporcionou a melhor vida que eu poderia ter.

Neste momento, me despeço, deixarei o senhor descansar em paz e se encontrar com os velhos amigos e familiares, deixarei ir, até o dia que nos reencontraremos.

Dandara Dias. Mulher, negra, filha de lavradores, professora e historiadora. Descobriu-se negra tardiamente, devido ao racismo estruturado em nossa sociedade, e atua como ativista antirracista desde sua formação como docente aos 21 anos e, desde então, está na luta por um lugar de fala. Encontrou-se escritora aos 28 anos, após retratar suas lutas através da escrita. Valoriza a história local e a oralidade. Além disso, é artista, agente cultural, ambientalista, feminista e educadora social.

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