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ESCRITORAS CACHOEIRENSES - Emília Nazaré. As pequenas “casinhas de roça” estão desaparecendo das paisagens rurais da nossa região. Embora isso seja um indício de progresso, penso nas memórias que se perdem com essa transformação.

As pequenas “casinhas de roça” estão desaparecendo das paisagens rurais da nossa região. Embora isso seja um indício de progresso, penso nas memórias que se perdem com essa transformação.

Em terreno limítrofe ao sítio onde meus avós moravam havia uma dessas casinhas que, na minha infância, já não tinha moradores. Eu e meus primos a chamávamos de “casa mal-assombrada”. Depois, foi demolida para abrir mais espaço às pastagens. Outra, num dos sítios vizinhos, também vazia, despertava saudades na filha mais nova do proprietário, que ava em frente à casa e lamentava o fato de suas amiguinhas terem se mudado dali.

Anos depois, minha mãe morou em uma casa desse tipo. Estrutura bem simples, acabamento precário. Era lá que eu ava as férias, nos primeiros anos, quando vinha do Rio. Rádio ligado o dia inteiro, pois não havia antena para pegar sinal de televisão. Atrás da casa, pés de laranja lima e de limão galego. O o às facilidades da cidade era pouquí-simo, menos por distância e mais pela (in)disponibilidade financeira, mas nunca faltavam bolos, doces, biscoitos e pães caseiros. Casa cheia de sabores, grandes potes de doces, requeijão caseiro, sucos de todas as frutas possíveis.

À noite, casa fechada, principalmente por mim, que tenho medo de certos animais noturnos, sobretudo daquele que mama quando nasce e voa quando cresce. No quarto, as brincadeiras com os irmãos mais novos, ainda crianças, e eu, que saí de casa aos 11 anos e já sentia as cobranças de responsabilidades que muitos adultos nunca sonhariam ter, aliviava todo o peso naquelas horas de alegria, descobertas e transmissão de conhecimentos que nenhuma escola foi capaz de ar a nenhum de nós.

As taperas estão desaparecendo. A própria casa onde meus irmãos aram seus primeiros anos de infância, há mais de 20 anos, foi reformada e não se parece mais com o lugar onde, ao ter tão pouco, desenvolvemos muito do que somos.

Emília Nazaré é cachoeirense adotiva, ou a infância na cidade, cresceu no Rio de Janeiro alimentando o sonho de um dia voltar, e retornou ao ES em 2020. Atualmente, reside na Grande Vitória. Escreve desde a infância e já teve publicações em diferentes formatos

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Respostas de 22

  1. Lendo essa crônica, fiquei completamente encantada. A forma como a autora expressa seus pensamentos é simplesmente linda. Cada palavra parece ter sido escolhida com tanto cuidado e carinho, que não pude deixar de me emocionar. Parabéns por essa sensibilidade e talento.

  2. Emília, o que falar dessa pessoa maravilhosa, aonde a transmiti as grandiosidade simples dos seus conhecimentos e experiências, por ondem ou e por onde a! Pessoa maravilhosa! 😍🌻👏👏

  3. Parabéns muito bom poder relembrar a infância só quem conviveu no campo e quem pode desfrutar de bons momentos ,da saudades dos primos maís velhos que falava que na casinha abandona morava uma bruxa eu ficava com muito medo,e quando tinha que atravessar uma pinguela com meus tios minha prima me falava não olha senão vai ver a bruxa , ótimas lembranças deste tempo maravilhoso que hoje já não temos mais devido ao progresso .

  4. Que delícia te ouvir, Emília! Como você escreve bem! Talento irável que Deus te deu, você nos envolve! Obrigada por compartilhar suas lindas histórias! Que privilégio você teve de vivenciá-las! E que privilégio o nosso também!

  5. Memórias que estão muito dentro de nós, e que na tapera tinham forma, tudo parecia maior, quase infinito. Uma construção de nossos pensamentos e experiências. Em algum momento deixamos a tapera, mas ela não nos abandona. Super – parabéns, Emília. Abraço do amigo Alex.

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